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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Filmes parisienses (5)


















Mes amies, este filme nem parece que é de Godard, o chato. Nana (Anna Karina) é uma jovem atriz (ou pretendente a atriz) que larga marido e filho pequeno para tentar a carreira cinematográfica. Vai trabalhar como balconista em uma loja de discos na Boulevard Saint-Germain (5ème), Paris, 1962. Sem dinheiro para pagar o aluguel é ilegalmente despejada pelos próprios locadores. Enquanto passeia a esmo, sem saber o que fazer, um rapaz a confunde com uma prostituta e lhe propõe um programa. A moça, sem desespero, mas sem opções, entra amadoristicamente neste ramo. Esta é a principal temática do filme.

O tratamento dado ao objeto diferencia-se de tudo o que já vi: não é aquela coisa apaixonada dos filmes latinos, em que anexa à descida aos infernos há um discurso calejado sobre a exploração social, não é moralista à maneira do fundamentalismo estadunidense e nem aquela coisa inglesa de que toda perversão é divertida. A transição da moça para a prostituição ocorre gradativamente, aos poucos ela se enquadra no novo papel social, e há um diálogo que funciona como um manual de introdução ao trabalho nas ruas, citando inclusive as fontes normativas pertinentes ao assunto.

O filme é dividido em doze capítulos, com subtítulos, há diversas referências literárias e a filmes clássicos dos anos vinte e trinta, e também a Truffaut, Louise Brooks, a guerra da Argélia (preste atenção na cena de uma rajada de metralhadora!).... Há também um ótimo diálogo da protagonista com um filósofo em um café parisiense, sobre o pensamento, a palavra e o amor, naquele jeito esférico de filosofar típico dos franceses.

Sem dúvida nenhuma, é o melhor filme de Godard a que assisti até o momento, bem mais interessante do que Acossado.

É muito legal também ver a Paris do início dos anos sessenta, você reconhecerá certamente o Quartier Latin, a região do teatro Châtelet e o maior destaque vai para a Champs-Élysées. Acho que o ar provinciano da cidade ainda se conserva, de certa forma, meio século depois.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Voltando para casa



A volta para casa pode trazer alguns transtornos. Vou separar as informações com base na experiência que tivemos.

1. Confirme o seu voo por email e imprima o documento com antecedência. Havia indício de greve e atrasos nos voos.

2. É melhor partir de casa com três horas de antecedência. Se for receber a sua détaxe terá que enfrentar filas.

3. Saímos da estação Châtelet/Les Halles no RER B3 às 7h e 10 min. O trajeto até o terminal 2F do aeroporto Charles De Gaulle levou pouco mais de trinta minutos e custou 9,10e=R$22 por pessoa. Por táxi o tempo estimado é de 50 min e custo entre 50 e 60 euros. Por trem a desvantagem é que você corre o risco de ir em pé todo o trajeto. Se optar, ainda assim, por ir de trem, escolha o último vagão que é mais espaçoso para você e sua bagagem.

4. Descendo no segundo ponto do De Gaulle procure o terminal de sua companhia. Para os voos diretos da Air France vá para o segundo andar, no sexto guichê.

5. Com o documento que você imprimiu vá a um dos vários terminais de autoatendimento e siga as instruções (em português) para imprimir as passagens. É fácil e rápido.

6. Vá para o check in, é muito parecido com o do Brasil, menos no fato de que não há um funcionário para colocar a sua mala na pesagem.

7. Aqui no Brasil a Air France informa em seu site que você poderá despachar duas malas com até 32kg cada, nos diretos (internacionais). Mas em Paris, quando você imprime o documento por email você é informado de que o limite é de 23kg cada, para passageiros das classes econômicas, então é bom ficar atento. Juridicamente vale o que você contratou aqui no Brasil, problema do fornecedor se informa incorretamente pelo site de vendas, mas vá fazer valer o seu direito em uma hora dessas, em outro país, falando outro idioma.

8. Após o check in vamos para a fila maior, a do controle policial. Há duas filas, na verdade, mas um dos aparelhos de raios x deu defeito. Um funcionário do aeroporto avisou, em francês, de que teríamos que pegar outra fila. Uma brasileira atrás de mim perguntou: "english?". O funcionário disse: "Non", e repetiu a instrução em francês. Eu acho um absurdo, um funcionário de um aeroporto internacional em uma cidade repleta de turistas e estrangeiros não saber inglês básico. A culpa não é dele, como pessoa, mas da administração do aeroporto.

9. A fila do controle policial era dividida entre portadores de passaportes europeus e os de outros continentes. Apesar da tentação de sentirmo-nos discriminados, as duas filas fluíam com quase a mesma intensidade. Após uma meia hora estávamos no saguão de embarque, que você vê na foto.

10. Ainda havia quarenta minutos para o embarque, e eu procurei as tais maquininhas de détaxe. Encontrei duas, ambas com defeito. Foi a primeira vez que pensei não estar em um país desenvolvido.

11. A área de embarque é repleta de lojas, restaurantes e lanchonetes.

12. O voo saiu com duas horas de atraso, devido, em primeiro lugar, ao fato de que havia uma poça de combustível próxima à uma das rodas, e os bombeiros não queriam dar permissão de decolagem enquanto o problema não fosse esclarecido e resolvido. Depois o mecanismo de tração de combustível não funcionava corretamanete e o tanque não abastecia por completo.

Hora de voltar para casa...

13. Com uma viagem tranquila, e com o menu da volta de melhor qualidade do que ida, chegamos ao Rio de Janeiro sem outros aborrecimentos. Comprei um perfume no free-shop acreditando que os preços aqui eram mais convidativos do que em Paris, no que diz respeito a perfumaria. A diferença a menor era de apenas um euro e alguns centavos.

14. Passar na alfândega é que foi curioso. Nada do que se vê em filmes e ouve-se nos relatos alheios. Apenas entregamos uma declaração, em português, distribuída durante o voo, em que afirmamos estar de acordo com a legislação tributária brasileira em todos os ítens (é só marcar não em todas as questões). Não vi luzes acendendo verde ou vermelho e nem fiscalização nas bagagens. Não sei informar se é sempre assim.
Veja bem: nós realmente não infrigimos a legislação, não adquirimos nada além dos limites, não estou induzindo ninguém a burlar dada à fragilidade da fiscalização.

Bom, aos meus leitores, é tudo o que tenho a dizer. Quaisquer dúvidas é só comentar nos posts que eu responderei o que souber com o maior prazer.

Um abraço a todos e bons passeios!

sábado, 3 de setembro de 2011

Champs-Élysées e arredores (8ème) (2)
























Em 1985 eu li na revista Bizz que Londres possuía as três maiores lojas de discos do mundo: Tower, HMV e a Virgin com dezenas de repartições. Ir a Londres comprar muitos vinis foi um sonho não realizado. A Virgin da Champs-Élysées tem quatro andares de livros, cds, dvds, vinis e eletrônicos. Eu não gosto de ser fotografado, mas poder comprar aqui foi significativo para mim.