Chegamos na área de embarque duas horas antes do voo. Passamos pelo free shop (pequeno) mas não compramos nada. Nesta hora eu gosto de observar os aviões decolando, isto remete à minha infância e quase sempre como uma novidade para mim pois não há grandes aeroportos onde vivo e só passei a voar há alguns anos atrás.
Havia um grande número de passageiros venezuelanos esperando o voo direto para Caracas. Com duas horas de atraso, às 13h e 30min, os passageiros começaram a cantarolar, protestar e cobrar providências. As explicações da TAP não os deixaram tranquilos, lógico, tinham toda razão. Quando começou o nosso embarque, por volta das 14h e 30min, foi a gota d'água, pois o avião com destino a Caracas sequer havia "estacionado".
Um homem de seus trinta e cinco anos, com um tipo físico e fisionomia muito semelhante à de Hugo Chávez, vestido com um uniforme de desportista com as cores e símbolos de seu país, gritou para os demais passageiros: "¡Vámonos!". Um grupo de meia dúzia de pessoas, com o sujeito à frente, simplesmente entrou na nossa fila e disse que não iria deixar ninguém embarcar enquanto a TAP não solucionasse o seu voo. Eu fiquei na minha, sabia que esta postura combativa típica de nossa cultura não iria surtir muito efeito ao norte do Equador. A atendente portuguesa, com educação e firmeza, disse-lhes que teria que chamar a polícia. Os policiais chegaram e educadamente alertaram o passageiro e seu pequeno grupo que dali sairiam diretamente para o "tribunal" (suas palavras), o que implicaria em maior atraso do voo, óbvio. Enquanto não se resolvia o impasse, foi permitida a entrada de gestantes, idosos e crianças. Numa dessas um jovem disse que iria entrar à força e peitou o venezuelano. O cara ficou desarmado diante do jovem impetuoso, baixou a guarda e aí não teve mais jeito, todos entraram, nós inclusive.
Infelizmente não havia vagas nas janelas, não pude filmar a "descolagem", como fiz em Londres.
O almoço vegetariano da volta foi melhor do que da ida, fica claro que se deve à diferençados serviços prestados em cada país pela empresa terceirizada contratada para fornecer refeições.
Foi a primeira vez que sobrevoei o norte da África, nenhuma rota de voo é completamente regular ou linear, pelo visto, há sempre umas quebradas.
Bom, a volta não me faz recordar maiores eventos, lembro apenas que a fila no Rio, para carimbar passaportes foi longa, havia apenas uma funcionária (e ninguém na Receita Federal, como das outras vezes).
Quando cheguei em casa, quase à meia-noite, eu desmontei na cama de tanto cansaço, quase um dia completo sem dormir.