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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mês das liquidações


Você já teve a sensação de que, no nosso ou no seu país as liquidações são um embuste? O valor de mercado de um produto qualquer é x, o fornecedor cobra 2x, e depois reduz para x dizendo que deu um desconto de cinquenta por cento.





O que eu vi foi o seguinte: 70% de desconto mesmo, de verdade: dez pares de meias masculinas por 5 euros, guarda-chuvas por 10 euros, camisas pólo por 7 euros, cds a 5 e 7 euros, dvds a 10 euros, dvds blue-ray a 15 euros, romances policiais a 7 euros, sapatos a 20 euros, calças jeans a 30 euros, etc. E são produtos de qualidade razoável, ao menos. Na C&A de Montparnasse havia jaquetas forradas masculinas a 7 euros!


Montparnasse (14ème)

Montparnasse é um bairro de "periferia". Os bairros "chiques" de Paris vão do 1er ao 9ème arrds. Do 10ème ao 16ème já é periferia, e do 17ème ao 20ème então, nem se fala. Olhe as fotos abaixo e veja se elas se assemelham à periferia de sua cidade:








Adorei Montparnasse, a impressão é de que as pessoas de lá são mais simples, menos esnobes do que em Champs Elysées (8ème) e Ópera (9ème), por exemplo. O bairro é muito bem assistido por todos os recursos e fica a menos de dez minutos de metrô do centro (1er) de Paris. Foi em Montparnasse que descobrimos as liquidações de Paris.

Ônibus



Andar de ônibus é bem prazeiroso: não os tomei em momento algum lotados, há três portas que são utilizadas indiferentemente como entrada e saída, os pontos são informativos, cobertos e bem localizados.Você é informado quanto tempo falta para que o ônibus chegue ao ponto de ônibus e a cada novo ponto. A pontualidade é britânica. O trajeto é especificado fora e dentro dos veículos. Há câmeras de segurança.

A primeira vez que andei cumprimentei o motorista em francês - há aviso na entrada orientando os passageiros a sempre cumprimentar os motoristas -, ele não respondeu e nem me olhou. Perguntei como se utiliza o bilhete e ele me apontou a máquina rispidamente. Agradeci mesmo assim e fui me sentar. Os locais para pessoas preferenciais são chamados de "places prioritaires" e os franceses não se acomodam neles, os bancos ficam vazios, aguardando as pessoas com deficiências e outras necessidades especiais. Achei muito civilizado, mas um tanto excessivo, basta se levantar e ceder o lugar. Assim como no metrô os bancos próximos às portas são retráteis e há aviso de que em caso de lotação você deve deixá-los e continuar o trajeto em pé. Os passageiros cumprem esta regra com naturalidade.

Na segunda vez que entrei em um ônibus novamente cumprimentei o motorista e verifiquei que o grosseirão da primeira viagem era uma exceção. Daí em diante todos os motoristas eram educados. Um motorista africano me explicou com a maior paciência e lentamente em francês como eu faria para chegar na Torre Eiffel (7ème) a partir da Ópera Garnier (9ème). Um passageiro francês puxou conversa na linha 29, em direção à Rambuteau e quis saber a minha nacionalidade. Quando eu perguntei onde poderíamos descer do ônibus (On descend?) ele não entendeu, pois o verbo é arrêter (On s'arrête?). Você "desce" do metrô e "para" do ônibus. Estas nuances dificultam a compreensão do francês.

Achei um tanto feio, e que não se culpem aos brasileiros, a malandragem dos parisienses de não pagarem pelo trajeto de ônibus. Alguns motoristas esperneiam e fiscalizam a cobrança (validação). Outros fazem vista grossa. Não vi em momento algum os famosos fiscais que pedem o ticket validado de cada um e multam em 25 euros os espertinhos ou os turistas que desconhecem a regra de utilizar o mesmo ticket pelo período máximo de hora e meia. A coisa fica mesmo na questão de consciência de cada um. Uma passagem de 1,25e para um povo que ganha um mínimo em torno de 1500 euros é bem barata, na minha opinião, levando-se em conta que você utiliza apenas um ticket por viagem, passando por quantos veículos precisar.

Andar de ônibus é uma ótima maneira de flanar por Paris poupando os seus pés.

O metrô


Já escrevi anteriormente sobre o sistema de transportes da capital francesa e recomendo-lhes o site oficial da ratp: www.ratp.fr. Entre e brinque à vontade no plan interactif, isto vai ajudá-lo mais tarde a compreender o seu funcionamento e a tomar decisões de trajeto a percorrer.


Tarifas: individual: 1,70e; dez tickets: 12,50e (é a melhor opção); Cartões de 1, 2, 3 e 5 dias: 9,20e; 15,30e; 20,70e; e 29,90e (cuidado: estes últimos perdem a validade no início da semana!). Você os adquire nas máquinas de qualquer estação do metrô. É preciso saber francês, inglês, italiano ou alemão para operá-las. Há máquinas que aceitam cartão de crédito, dinheiro ou moedas, e aquelas que aceitam apenas moedas. Tente a ajuda de alguém para aprender a utilizá-las ou peça ao funcionário do caixa, se o movimento do metrô estiver fraco. Sozinho eu não teria conseguido das primeiras vezes. Depois é muito simples.


Um ticket de metrô vale para qualquer baldeação desde que você não vá para a rua. Não consegui sair do metrô e pegar um ônibus com o mesmo ticket, não deu certo nenhuma vez que tentei, ao contrário do que os blogues sobre Paris costumam afirmar.


Vantagens do metrô: rapidez, praticidade, há placas indicativas para todos os lados.


Desvantagens do metrô: com exceção das estações estilizadas (como as de Roosevelt, linha 1, e Arts e Métiers, linhas 3 e 11, dentre outras) e os músicos e indoors, você não vê Paris do sub-solo; a segurança é forte, mas não é plena; eventualmente há odor de urina (é raro, mas há).


Dois diálogos que tive com caixas do metrô:

- Bon jour, madame. Avez-vous un map? (Bom dia, madame, a senhora tem um mapa?)
- Un map? De quoi? (Um mapa de quê?)
- Je voudrais um map de plan des lignes. (Eu queria um mapa de plano de linhas)

Decidi passar a utilizar o nome correto do mapa:



O mapa é gratuito e minha filha queria um de lembrança. Cheguei em uma estação e disse ao jovem funcionário:

- Bon jour. Je voudrais un Lecture Confort.
- Quoi?
- Un map pour le metro et le bus.
- Ah, vous voulez un Lecture Confort! Ça marche. (Ah, você quer um "Lecture Confort". Tranquilo)

Pô, mas o que foi que eu falei?!rs...



Ande sempre com este mapa. Ele traz o sistema de metrô e RER...


... de ônibus


...e de trens interurbanos.

Não tenha vergonha de lê-los, de consultá-los à vontade. Fique tranquilo que, a menos que você seja francês, japonês, do Magreb (já expliq...), da África sub-saariana, todo mundo vai saber de cara que você é turista estrangeiro, então relaxe e se oriente.

As estações trazem o número da linha, e o nome de suas extremidades, é por elas que você encontra a direção de onde quer ir. Dentro dos vagões há o itinerário nas paredes, próximas às portas, e uma bela voz eletrônica feminina avisa a próxima estação antes e durante a chegada. Se errar alguma vez o trajeto, como eu errei, não fique chateado, use outro ticket que o prejuízo é pequeno. Aproveite as estações para refazer as energias, há bebidas e chocolates nas maquininhas com preços razoáveis. Lembre-se: Paris é muito seco, eu sentia sede constantemente.


Quartier Latin (5ème) (2)






O Quartier Latin tem dezenas destas ruas medievais e calçadões.








Não sei nada sobre esta fonte. Em Paris você se surpreende a cada rua e sai fotografando.






Esta livraria fazia uma superliquidação com milhares de livros a ótimos preços. Tamanha fartura não nos pressiona a sair comprando logo de imediato. Eu preferia passear pela cidade ao invés de ficar muito tempo em lojas.


Quartier Latin (5e)






Atravessando o cena no sentido norte-sul chegamos à Rive Gauche (margem esquerda) famosa pelas manifestações de maio de 1968 e pela Sorbonne (Paris I) - na verdade, a revolta estudantil começou em Paris X, Nanterre, que fica fora de Paris, mas isto é outra conversa.









É mais habitual em Paris lanchar fora de hora do que propriamente almoçar. E os lanches lá são reforçados. Esta rua estava repleta de restaurantes gregos, italianos e de comida árabe. Você pode observar que um prato tradicional, acrescido de uma bebida em torno de dois euros e mais a gorjeta incluída de quinze por cento fica em torno de dez euros (vinte e quatro reais). Nós optamos por fazer um déjeuner em uma lanchonete de um muito educado jovem do Magreb (já expliquei o que é, rs...): um escandaloso sanduíche Falafel (vegetariano à base de grão bico) com temperos à vontade, uma porção generosa de batata frita condimentada (uma delícia) e refrigerante pelo total de 7,70e=R$18. Há opções de lanches e refeições para muitos paladares e bolsos. Em termos gastronômicos Paris é uma cidade cara somente se você o desejar.








É um clichê, mas é preciso dizê-lo: come-se incrivelmente bem nesta cidade.


Notre Dame











Fila de duas horas para subir na Notre Dame. Não quis encarar.









 Idealização de Vercingetórix, líder derrotado da resistência gaulesa a Júlio César. Estes lutecianos são uns neuróticos.


As proximidades do Sena são chamadas de quais.

Bebedor anarquista.


Turistas chineses em grupo.


Cuidado com o golpe: adolescentes te pedem para assinar um abaixo-assinado em defesa dos direitos dos deficientes auditivos. Você assina e eles, em seguida, te exigem uma doação de no mínimo cinco euros. Como são pessoas aparentemente surdas-mudas você fica sensibilizado. Eu assinei em Montmartre, mas não dei nenhum valor. Referendos a projetos de lei não exigem contribuição financeira e mesmo assim, o apoio de estrangeiros é irrelevante para a formação da convicção parlamentar. Os estadunidenses davam de 15 a 20 euros com facilidade. Diga: "Non, je ne veux pas!", com firmeza.





Este museu tem por tema a Paris gaulesa e romana (Lutécia). Não fomos. Fica para a próxima, com certeza.


Placa homenageando a defesa até a morte pelo Conde Eudes e outros cavaleiros contra a invasão normanda (viking), em 886.



Não quis andar de bateau mouche, lá de baixo pouco se vê.