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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Filmes parisienses (9)



As mulheres do sexto andar
(2011)




Paris, 1962 (ano da crise argelina). Jean-Louis Joubert (Fabrice Luchini) é um parisiense dono de um imóvel com vários apartamentos e todo um sexto andar onde vivem entulhadas uma meia dúzia de empregadas domésticas espanholas. A empregada atual de Jean-Louis era apegada à sua falecida mãe e disputa a primazia doméstica com a sua esposa. O senhor Joubert é um corretor financeiro e não quer perder tempo com assuntos caseiros (típico). A empregada pede demissão, e a patroa vai contratar uma jovem espanhola que acabou de chegar. Estes minúsculos quartos de 9 a 12 metros quadrados chegam a custar trezentos mil euros para aquisição nos dias atuais!




Os empregadores não são exatamente mesquinhos, mas exigem os símbolos do status patronal. A nova empregada Maria é muito atraente (Natalia Verbeke), sabe fazer de boba para sobreviver e sabe cativar os senhores. Uma das empregadas espanholas é comunista e cria uma situação para demonstrar às colegas que Jean-Louis é um patrão como outro qualquer: mostra-lhes a fossa entupida do banheiro coletivo das empregadas, sem vaso, acreditando que ele nada fará para minorar-lhes o sofrimento. O senhor Joubert contrata um encanador para dar solução e manda reformar o banheiros das domésticas. Seja por humanismo, seja por tática, ou por estar se apaixonando por Maria, Jean-Louis vai ganhando aos poucos a admiração das espanholas, vai suavizando a relação de trabalho.




As mulheres do sexto andar é uma novelinha, uma gata borralheira, mas não ofende a inteligência de ninguém, não é uma telenovela. Fala de quebra de barreiras e aquela coisa que nunca falha: o rico bondoso que salva a donzela pobre em apuros. As situações são divertidas e o populismo está mais para a Itália do que para a América Latina.


As atrizes espanholas almodovarianas Carmen Maura e Lola Dueñas (o seu nome deveria estar em destaque) dão um show, elas são excelentes. Muito legal também as locações em Paris, a atenção com as características do período (moda, decoração, automóveis, cortes de cabelo, etc.). As espanholas são bem caricaturais, mas todo mundo no cinema riu com elas, eu inclusive, o riso é a denúncia espontânea do politicamente correto. Gostei bastante.