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sábado, 30 de julho de 2011

Mais Le Halles (3)


Ir a Sephora foi cansativo porque ficamos muito tempo em função das compras femininas. Até gosto de perfumes, mas depois que constatei que no freeshop os preços são mais em conta perdi boa parte do interesse. E aí fiquei na de sociólogo, observando o vai-e-vem de pessoas: a Sephora não é uma loja exclusiva: as madames experimentam os perfumes lado a lado com modestas trabalhadoras, e, guardadas as proporções, mesmo as trabalhadoras mais humildes conseguem economizar 50 euros e comprar um perfume, de vez em quando.

Há um aviso em todas as estantes: Demandez votre parfumage gratuite (algo como: peça ou exija a sua "perfumação" gratuita). Há inúmeros clientes que entram, utilizam as amostras e vão trabalhar perfumados, quotidianamente. Você pode pedir um chantignon de qualquer perfume (uma amostra de uns 3ml em tubinhos de vidro) que as atendentes  lhe entregam com prazer. Há sempre filas para comprar e os não-europeus que adquirem mais de 175e=R$410 recebem a détaxe (12,5%) no ato da compra, como desconto, prática que é uma característica da rede. Vi também uma moça se maqueando na dura, com um pincel que foi inutilizado pelos seguranças, pois a maquiagem gratuita ficava em outro setor. Mas ficar vendo tantos cosméticos assim é meio sem graça.

Fale para a sua esposa, namorada, filha ou irmã que você foi dar um pulinho na Fnac enquanto elas estão por lá, enchendo a sacola e ganhando muitos brindes.


Aqui nós sentamos em um café típico, próximo ao Beaubourg e diante destas esculturas. Uma latinha de coca a 4e=R$9,50, e um bem-estar que não tem preço. Ao encerrar você deixa o dinheiro em um pratinho, levanta e vai embora. Ninguém furta o dinheiro.












Durante as manhãs a limpeza urbana é feita por estes carrinhos com acompanhante. O padrão é elevado, mas é lógico que vemos sujeira pelas ruas.




Esta loja é rival da Sephora, mas sem sucesso.









Marais (4ème) e proximidades (2)


Metro perto de casa.


Aqui eu tenho uma historinha: eu passava diante desta creperie todos os dias, e o seu proprietário cumprimentava a todos indistintamente, mas eu não via ninguém comer lá. Certa vez entramos em acordo de que queríamos comer pizza, ele ouviu e disse que as fornecia. Pedimos três minipizzas (3,50e=R$8,50 reais) e na hora agá ele trouxe duas pizzas grandes com oito fatias. Falei-lhe que ele havia enganado quanto ao pedido: cancelei uma e mantive as duas que já estavam prontas. Reparava que todos passavam olhando para nós enquanto comíamos e às vezes riam: pensei: este estabelecimento é conhecido dos parisienses e entramos em uma roubada, se uma fatia custava 3,50 quanto seriam oito? Vou pagar uns cento e cinquenta reais pelo almoço. Para descontrair perguntei pela nacionalidade do dono, que falava um francês muito bom e também inglês. Ele disse: sou do sul do Egito, e me recordo de ter lido que os egípcios daquela região têm diferenças para com os nortistas.

Falei-lhe que ensinava história do Egito antigo para os meus alunos e ele ficou espantado, e me perguntou: então, por que os brasileiros vão pouco ao Egito? Expliquei-lhe que era devido à língua e à escrita. Ele me perguntou: para onde os brasileiros gostam de viajar? Eu lhe disse: Miami, Orlando, Nova York, Buenos Aires, Santiago, Barcelona, Paris, Lisboa, Londres e Roma são as cidades mais visitadas (sei lá se são nesta ordem, rs...). Ele, entristecido, disse: mas os brasileiros quase não vão ao Egito.

A conta ficou em apenas 18e=R$45. A pizza era boa, mas nada de muito especial. A nossa Marguerita é mais gostosa. Mas a Quatro Queijos deles é imbatível, por razões óbvias. No sábado seguinte com a cidade entupida, sem ter onde almoçar no Forum Les Halles, fomos todos comer pizza aí, novamente, como uma solução de emergência. Infelizmente não foi do agrado de nossos amigos, e eu me senti um pouco envergonhado por não lhes propiciar um almoço saboroso, rs...

Nos dias seguintes todas as vezes que o proprietário me via passando na Rambuteau ele me cumprimentava com um sorriso autêntico. É claro que podemos pensar que é apenas interesse para com o cliente. Independentemente disto, e tendo experimentado a breve sensação de estar no estrangeiro, eu fico pensando na trajetória de alguém que sai de seu país, pobre, muçulmano e sob uma ditadura de quase trinta anos e vem tentar a sorte em uma cidade européia, branca e cristã, enfrentando as adversidades da crescente hostilidade aos emigrantes.

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Boa sorte, amigo egípcio, ano que vem eu quero mais da sua pizza.



A rua Saint Martin nós adoramos, e eu fiquei triste porque as cargas das pilhas da máquina fotográfica se esgotaram e eu não tinha lembrado de levar substitutas. É uma rua interessante, com o Museu des Arts e Métiers, a Maison Gaultier (11ème), uma ópera, um parque, um arco romano e a gigantesca e  maravilhosa Gare de L'Est. Prometi a mim mesmo que voltaria nela no dia seguinte, mas viajando a três nós raramente somos senhores do nosso tempo.


O sol aparecia somente para nos fazer de bobos. Era o "sol enganador".


Este é o Centro Cultural Georges Pompidou (Beaubourg), do qual falaremos mais tarde. Eu o conhecia de nome desde 1979, quando ouvi o álbum I Robot, de Alan Parsons.


No Forum Les Halles havia este stand que ajudava a localizar a sua loja ou o que quer quer fosse. Em francês e inglês, muito fácil de utilizar.







Durante os quase quarenta dias de liquidação há três ou quatro démarques. Ás vezes compensa esperar para comprar com os descontos sucessivos.



                                                         Eu adorei ter me hospedado no Marais.

Premier arrondissement


















Se tem uma coisa que eu arrependo de não ter feito foi andar de bicicleta. Tive uma oportunidade em uma manhã no Marais, por volta das oito horas, com as ruas quase desertas, pois a classe média parisiense só começa a trabalhar às 10 horas! Até as nove horas é mais deserto do que o Brasil entre as quatro e cinco da manhã. Deixei para o dia seguinte e acabei esquecendo.

Funciona da seguinte maneira:

a) você procura um dos guichês automáticos da Vélib, não há muitos, tem que procurar um pouco;
b) você escolhe entre uma tarifa de 1,70e por apenas um dia, ou 8e por uma semana. Os moradores locais optam pela inscrição de um ano, por 19e.
c) por meio de cartão de crédito você autoriza o depósito de 150e que lhe será restituído quando devolver a bicicleta a um dos muitos postes espalhados pela cidade (mas a sua administradora do cartão lhe cobrará a transação em moeda estrangeira);
d) você recebe um cartão magnético que destravará a bicicleta, e pode andar nela à vontade, pelas ciclovias e passeios;
e) os primeiros trinta minutos são gratuitos, e a partir daí cobra-se 1 ou 2e por hora suplementar. Assim, por exemplo, quem andar quatro horas pagará 7e.
f) Os parisienses trocam de bicicleta a cada 29 min e assim andam de graça, pagando apenas a inscrição no cadastro.

É muito utilizado pelos jovens profissionais entre 25 e 40 anos, mulheres sobretudo.

Maiores informações: http://www.velib.paris.fr/


Abastecendo o apartamento. Onde comprar?

                                                                                  Foto: Amanda Dias

Assim que chegamos ao apartamento na Rambuteau a minha preocupação foi abastecê-lo com comida e outras utilidades. A título de informação, saiba que:

a) as principais redes são: Monoprix, Franprix, Bon Marché e Carrefour.

Perguntei ao taxista se ele escolheria entre o Monoprix ou o Franprix e ele afirmou seguro de que o Franprix é o mais barateiro. Acredito que ele tenha razão mas a diferença é pequena. Há dezenas de Franprix/Monoprix espalhados pela cidade, você os encontrará aos montes. Há um gigantesco Carrefour no Ópera (9ème) e alguns Carrefour City espalhados pela cidade.

b) os horários são completamente irregulares: alguns abrem às 9 h e outros às 10h. Alguns fecham às 19 h, outros às 21h, outros às 22h e outros às 23h. O horário aos sábados se encerra por volta das 16 horas e é comum não encontrar nada aberto aos domingos. Outra diferença: se o estabelecimento fechar às 22 h, por exemplo, você não entra após às 21h e 45 min, pois o horário de encerramento é para a saída dos empregados. E não adianta insistir, sorrir, ficar indignado, fazer beicinho, "jeitinho" não funciona muito por lá.

c) os supermercados são pequenos mas não é como no seu bairro, naquele que você pergunta: - tem isto ou aquilo? - tem, mas acabou. Há uma fartura que te deixa meio sem critérios de escolha em um primeiro momento.

d) após às 21 h uma voz gravada em francês e inglês anuncia que não é mais permitida a venda de bebidas alcóolicas, e eu vi jovens franceses, ingleses e alemães tentarem dar um "jeitinho" sem nenhum sucesso. A lei é rigorosamente cumprida.

e) O Monoprix passou a cobrar 0,30e por saco plástico mas voltou atrás porque o Franprix os manteve gratuitos.

f) em alguns Monoprix você pode se alimentar no próprio local com o que acabou de adquirir, há mesas e forno microondas para tal. Eu vi um executivo de uns quarenta anos se utilizar deste recurso.

h) o que vale a pena comprar nos supermercados? Quase tudo: sucos, pães, queijos, congelados, biscoitos, chocolates, café, sorvetes, balas, etc. Material higiênico é um pouco mais caro do que aqui: lá comprei escovas de dente, shampoo e pasta de dente a 3e=R$7,20 cada.

Outros preços:

Mousse de chocolate: 1,50e.
Chocolates Lindt: 1,50 a 2e.
Chocolates Monoprix: 1,30 a 2e pacote com duas ou três barras.
Sucos Monoprix: 0,92e.
Sucos Tropicana: 2 a 3e
Batata Pringles: 2,20e.
Cherry Coke (1,5l): 1,60e.
Queijos (ótimos): 2 a 5e.
Pacote com dez pães de batata: 1,50 a 2e.
Pacote com seis croissants: 2e. (nas padarias saem fresquinhos por 0,70e.)
Tiramissu: 2e.
Vinhos: a partir de 3 euros.

Note bem: estes são produtos de supermercados e alguns têm a qualidade apenas razoável. Se você faz questão de sempre comer bem procure lojinhas como a Dod's (ao lado do Monoprix do Beaubourg tem uma) onde você pagará o dobro ou o triplo do preço dos supermercados por produtos finos com enorme variedade de opções. Lá comprávamos flute de azeitonas verdes por 1,35e e havia baguettes por até 4 euros (as comuns de padaria custam menos de 1 euro).

Tenha consciência de que com 20 euros você faz uma senhora compra para um jantar ou lanche noturno. Eu não gastava mais de dez euros no fim do dia e éramos três pessoas.

E, por último, não há proibição de que pessoas hospedadas em hoteis não possam levar mantimentos para o quarto, salvo risco para saúde de terceiros e odores insuportáveis. A questão se isto é elegante ou não escapa ao objeto deste post.

Bon apetit!


Châtelet Les Halles/Forum Les Halles (1er)








O centro do centro de Paris é o complexo ferroviário/comercial Châtelet Les Halles. Para efeitos de metro há Châtelet, há Les Halles, e há Châtelet Les Halles, não é tudo a mesma coisa mas formam uma massa que não sei como distinguir.

A dez minutos a pé do nosso apartamento no Marais procurei a entrada da estação de metrô Les Halles porque dela parte uma série de ramificações e inclusive o RER B3 para o aeroporto Charles de Gaulle. Não encontrando a entrada fui dando a volta e o cenário é fantástico. 




Entrando por uma galeria dei de cara com um enorme shopping subterrâneo, com quatro andares ,que foi a alegria geral minha e de meus familiares e amigos. Lá estava a...Fnac.













Fechado provisoriamente. Nós vos agradecemos a vossa compreensão. Quê isso, não há de quê, rs...








O Forum Les Halles abre de segunda a sábado, de 10 às 20 horas, se me lembro bem. A Fnac tem um acervo gigantesco de cds, dvds, livros e quadrinhos, dá para passar dias inteiros lá dentro. Maior do que esta dos Les Halles eu posso acreditar que exista somente em Nova York, Londres ou Tóquio. Alguém tem essa informação? Comente aqui.











Na próxima vez que for a Paris vou tirar um dia inteiro somente para a Fnac.

Cuidado: os atendentes da Fnac vão dos secos aos abertamente grosseiros. Procurei cds de uma banda eletrônica dos anos setenta, mas que os desinformados classificam como new age. Perguntei em francês onde poderia encontrar cds de Tangerine Dream e Klaus Schulze, o jovem funcionário do setor de música eletrônica revirou os olhos com desprezo diante da pergunta e me apontou, grosseiramente, para a banca de new age, como se eu fosse obrigado a aceitar esta classificação e esquecendo-se completamente o respeito a uma pessoa, cliente, além de tudo. Perguntei sobre o novo livro de Umberto Eco, e uma atendente de terceira idade me disse com secura: está na parte de literatura. É mesmo?!, eu não podia imaginar, eu pensava que estava no setor de frutas e legumes, ora, vá...., são mais de vinte seções de literatura!

Comentei sobre este fato a uma senhora francesa no trem de volta ao De Gaulle e ela me afirmou que eles são assim em todas as Fnacs.