A escolha final de nosso destino segue algumas premissas iniciais e vai se concretizando mediante circunstâncias que fogem ao nosso controle. Em nenhuma de nossas seis viagens já sabíamos de antemão para onde iríamos, jamais colocamos algo do tipo: temos que ir para tal lugar e pronto, acabou.
Berlim era uma opção óbvia: capital do país mais rico da Europa, riquíssimo em História, pleno de opções, a curiosidade que eu tinha particularmente em constatar em que nível esta cidade se iguala ou mesmo supera Londres em matéria de densidade cultural. Soma-se a isto o fato de que minha filha lá ter visitado por dez dias no ano passado e falado maravilhas, e também pela razão de que as nossas últimas três viagens foram na Península Ibérica, eu queria um país mais ao norte, com clima temperado, poder andar o dia inteiro com temperaturas máximas inferiores a trinta graus.
Logo após a viagem à Barcelona, em julho do ano passado veio a hiper-desvalorização do real. Quando a libra chegou a seis reais e o euro próximo de cinco reais pensei: está na hora de cogitar uma viagem a Buenos Aires, Santiago, Montevidéu ou Bogotá. Meio que conformado, imaginando que o euro chegaria talvez a algo como dez reais, comecei a pesquisar a fundo as cidades citadas. E aí, constatei, frustrado, que a capital portenha não rende uma viagem de dez dias, não há o que fazer lá por tanto tempo dentro daquilo que é o nosso interesse.
O euro se acalmou em torno de quatro reais e cinquenta centavos, fiz os cálculos e vi que daria para ir à Europa sem maiores apertos ou sem chegar a um nível de custos acima do prazer amealhado.
Começamos trabalhando a hipótese de Budapeste, cidade linda e com aluguéis muito baratos (aluga-se um bom dois quartos na Airbnb por menos de cem reais a diária, preço final. Mas havia dois problemas: a língua quase intransponível e os preços dos voos da Lufthansa (as outras companhias me pareceram inviáveis, com voos muito longos).
O ano virou, nada de ofertas e eis que comecei a trabalhar outros destinos: Lyon, Nice, Roma, Milão, Trieste, Bruxelas, Porto, Rennes e, obviamente, Berlim. Chegou fevereiro e não dava para pensar muito mais. Roma tinha o problema dos caros aluguéis e minha dificuldade em aprender italiano. A TAP em momento algum fez promoções sérias. Ibéria mantendo a política especulativa do ano anterior e segurando as promoções. Lufthansa mantendo os voos para Berlim acima dos quatro mil reais. AirFrance em função dos atentados colocou preços convidativos inclusive para Paris. Pensei muito em ir para Lyon, mas Matilde não se sentiu atraída por lá, nem mesmo depois que vimos um vídeo de uma hora sobre a cidade.
De repente um velho sonho vem à tona: Helsinki, com voo da British (Londres), mas vendido no site da Ibéria, em reais e dez vezes sem juros, por cerca de 3100 reais. Trabalhamos esta ideia por duas semanas, quase fechamos negócio, mas eu ficava com dois pés atrás: o voo chegaria na capital finlandesa por volta de meia-noite e o retorno nós teríamos que pegar em Vantaa às sete da matina de volta a Londres. A outra razão era o aluguel caro. A língua não me intimida, porque todo mundo fala inglês por lá.
E eis que a careira das careiras, a Alitália, que sempre coloca os seus voos para Roma em julho na faixa dos sete mil reais, de uma hora para outra cai na realidade e inicia uma verdadeiramente competitiva ofensiva de preços: toda a Itália, Bruxelas, Viena, a França e outros destinos por pouco mais de dois mil reais. E foi assim que optamos por Berlim, com passagens a 2330 reais.
Não precisamos levar muito tempo para tomar esta decisão.
é uma cidade que eu adoraria conhecer. e tenho muita vontade de ouvir em berlim um concerto da filarmônica de berlim. beijos, pedrita
ResponderExcluirNós vimos! Com regência de Daneile Barenboim. Na Universidade de Humboldt. Fotografei e filmei muito.
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