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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A Flixbus quase nos deixa em Dresden



Dresden tem duas estações ferroviárias: a principal, Hauptbahnhof, ao sul, e a de Neustadt, ao norte do rio Elba. Como Dresden fica ao sul de Berlim o ônibus passa primeiro na estação da parte norte. Vi quase todo mundo lá descendo e acreditei ter chegado à estação principal, não dei pela coisa. O impressionante é que tive três sinais claros de que havia descido no lugar errado: a estação de Neustadt é menor do que a de Hauptbahnhof, caminhando a parte histórica estava depois e não antes do rio Elba, e o mapa que peguei não batia com os caminhos que eu tomava. Curioso como a nossa mente não funciona a contento quando você não está no controle da situação, não está em seu domínio de conforto. Cochilei geral. Em minha defesa, no entanto, digo que perguntei ao motorista, ao chegar em Neustadt, se deveria pegar o ônibus de volta à Berlim naquele ponto, na estação errada, em Neustadt. Ele confirmou sem pestanejar, nem sequer pediu para ver os meus bilhetes.

Ao final do passeio, quando retornamos e eu vi escrito claramente Neustadt na entrada da estação ferroviária verifiquei o meu erro e compreendi tudo. Fiquei muito preocupado, mas pensei: o ônibus vai passar por aqui mesmo, basta pegá-lo, nós pagamos pelo trajeto integral, não há o que temer.

E eis que o motorista em um primeiro momento nos veda o acesso ao veículo porque estávamos na estação de embarque equivocada, e o fez rispidamente como se eu fosse um espertalhão, como se eu quisesse ludibriá-lo. Durante os minutos seguintes, enquanto todos embarcavam fiquei pensando: e agora? Vamos ter que ir de trem, e se não houver passagens, e se tivermos que dormir em Dresden? Amanhã pegamos os voos de volta, e se não der tempo?

Criei coragem e em inglês disse ao motorista que o seu colega no trajeto de ida havia nos afirmado que poderíamos pegar o ônibus de volta naquela mesma estação. Ele escaneou os bilhetes e conferiu nossos nomes. Disse secamente: "you may go". Nem uma desculpinha ou sorriso de simpatia.

Nestas horas eu penso que em matéria de viagens - ou na vida - não há este negócio de "o acaso vai cuidar de mim quando estiver distraído". Por mais que eu planeje e estude o passeio há sempre um risco de algo sair muito errado.

Ah, claro, experimente não falar inglês para ver como fica.

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