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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Bo Kaap e Museu Bo Kaap







 Eu não encontrei ou não me recordo qual é a razão para as casas terem estas cores



Quando chegamos, no dia sete de julho, saímos logo para fazer compras de supermercado aproveitando o resto da tarde. Eu sabia que havia supermercado na grande loja da Woolworths na Adderley Street, uma rua visceral do centro, mas eu temia ser um estabelecimento careiro. Fomos procurar o Pick n Pay da Strand street, mas o supermercado é muito limitado, tanto em qualidade como preços, e eu fiquei pensando que não seria possível que esta fosse a rede que abasteceria a elite econômica da Cidade do Cabo.

Após um lanche com o que compramos, resolvemos conhecer a cidade a pé, e depois de uma volta de cerca de uma hora no quadrilátero formado pelas ruas Strand, Adderley, Wale e Bree (o centro do centro) resolvemos conhecer o Bo Kaap, o bairro malaio-muçulmano que é um dos símbolos da cidade. Bo Kaap foi inicialmente habitado por holandeses, mas depois concentrou a população malaia que emigrou (ou foi"emigrada") no século XIX. Com o crescimento da cidade o bairro passou a ser objeto de interesse imobiliário por atos do regime do apartheid nos anos cinquenta, criando um conflito social e movimento de resistência. Ficamos apenas na rua das casas coloridas (Wale street), estávamos muito cansados para subir as colinas do bairro e aproveitamos para conhecer o primeiro museu em terras africanas, o Bo Kaap Museum.














Aberto de segunda a sábado entre 10 e 17h (20 zar), o museu Bo Kaap é um dos museus Iziko (a organização ou fundação que congrega o maior número e os melhores museus de Cape Town). Situado na casa mais antiga do bairro, do final do século XVIII, é claramente um museu da memória local e anti-apartheid. São quatro cômodos, há uma sala com exibição de vídeos, um certo acervo fotográfico, alguns livros à venda e não muito mais do que isto. É visita de menos de uma hora. Wale street, 71. Imaginei que este museu fosse o padrão dos museus de Cape Town (eu teria uma bela surpresa no dia seguinte).
















A mesquita mais antiga de Cape Town (1844)

domingo, 30 de julho de 2017

"Welcome to heaven" (ou o "banho de dois minutos")

Old Mutual Heights 














 Vista espetacular da sacada do apartamento.





"Welcome to heaven".

Foi assim que o porteiro nos recebeu quando entramos com o proprietário do apartamento (um casal idoso de Liverpool) nas dependências do Old Mutual Heights, um prédio que é referência na cidade, um antigo banco dos anos quarenta - e que foi local da filmagem de um comercial alguns dias depois - bem no centro de Cape Town.

Nunca fizemos uma locação tão boa: o apartamento mais espaçoso, mais bem cuidado, com mais recursos úteis ao dia a dia, além de facilidades que para nós não são indispensáveis (porteiro 24 horas, garagem e academia) pelo melhor preço (166 reais a diária pela AirBnB).

Eu viajo consciente de que nenhuma locação tem sido livre de aborrecimentos, mas a que nos aguardava quase me fez dar o contrato por vencido, se não fosse o cansaço e situação em que nos encontrávamos. Após o muito simpático e acolhedor casal nos passar todas as recomendações, eu, com quase vinte horas sem dormir, tive que tomar conhecimento, justo nesta hora, da grave crise hidráulica por que passa a Cidade do Cabo (ou todo o país). Pediram-nos para tomar "banho de dois minutos" porque haveria somente 57 litros de água por dia/apartamento. 

Veja bem. Não que sejamos de desperdiçar água, muito pelo contrário, meus banhos são de sete ou oito minutos e eu fecho a torneira intermitentemente. Mas quem é que viaja em sã consciência para um local nestas condições? E por que não fomos informados antes da locação, mas somente quando não havia possibilidade de rescindir o contrato sem um transtorno monumental? Sair por aí com malas pesadas a procurar hospedagem? Depois começar uma luta pelo ressarcimento do prejuízo?

Felizmente, para nosso alívio, fizemos um grande esforço em seguir as orientações da prefeitura, economizamos água no que foi possível fazê-lo (duvido que a maioria da população o faça, e é IMPOSSIVEL um banho de dois minutos), e, o mais importante, a água não acabou em momento algum.






O banho de dois minutos


Sobre o apartamento e a locação devo ainda acrescentar:

a) O apartamento não recebe quase nenhum sol, a sala é fria, há dois aquecedores, um na salinha de jantar e outro no quarto principal, que precisa ser aquecido com antecedência pois não é muito potente para enfrentar a madrugada. O quartinho do segundo piso é ótimo, quentinho.
b) a localização no centro é mais problemática do que vantajosa, devido às incessantes e sistemáticas abordagens por parte de pedintes, algo que merece um post à parte. Se voltarmos à Cape Town procurarei nos hospedar em bairros como Gardens ou Vredehoek, próximos ao centro, mas não exatamente no centro.
c) O wifi do apartamento é muito bom. Ninguém viaja para assistir tv, mas os cerca de trinta canais da tv por parabólica (!) são muito ruins, no entanto, com exceção da Al Jazeera (post à parte).
d) O prédio é vizinho ao Eastern Food Bazaar, restaurante multi-gastronômico que fez nossa alegria (post à parte).
e) O proprietário não costuma usar whatsapp, então eu tinha retorno do que precisava informar ou pedir (problemas) apenas no dia seguinte.

sábado, 29 de julho de 2017

O aeroporto internacional de Cape Town



O aeroporto internacional de Cape Town é gigantesco perto da rodoviária de Luanda, mas é um aeroporto de porte médio,menor que qualquer um que eu tenha ido na Europa e bem menor do que o Galeão. 

É muito fácil localizar-nos nele. Deixei para tirar fotos e filmagens na volta quando se tem mais tempo. 

Pode-se informar a seu respeito:

a) é bem sinalizado, do corredor a que o avião dá acesso vai-se direto para o controle de passaporte, pegamos pouquíssima fila, é ágil, pediram o passaporte (não pediram o CIV contra Febre Amarela). 

b) Em seguida vem a recolha da bagagem, já estavam lá as malas e bem em frente fiz câmbio na American Express (recebi 12,04 zar por dólar, não é uma cotação ruim) e daqui de em diante constatei: sem inglês não há salvação, mas entender o inglês dos zulus, xhosas e outras etnias africanas foi um aprendizado constante.

c) Assim que entrei na área comercial um jovem veio nos seguindo e oferecendo táxi "alternativo" por 350 zar. Ele era muito simpático, nos ajudou a encontrar a loja da Vodacom, com as malas, foi bom para me habituar com outro continente e país. Acabei cedendo.

d) Comprei chip da Vodacom com 1 giga de dados por 219 zar, acho, pode ter sido mais, eu estava exausto. Comprei acreditando valer por um mês, mas na verdade vale por duas semanas, uma delas "gratuita" (só rindo mesmo).

e) Se você tiver no controle da situação, descansado, com Uber configurado, vá de uber mesmo, não chega a 200 zar até o centro. Há a opção de Mycitibus, por uns 70 zar (comprando o cartão e mais o percurso do aeroporto que é mais caro que o normal), mas isto pode passar de uma hora, fora o transtorno de mala pesada).



sexta-feira, 28 de julho de 2017

Voando com a TAAG.







 São três filas: 3-4-3. Fomos na lateral direita, meio e corredor (já que não posso filmar a "descolagem" e a "aterragem" prefiro levantar a qualquer hora)

Plug anti-furto 



Não tenho o que reclamar das opções de clássicos e jazz









 Bom vinho português


 Chegando na Mama África, na "rodoviária" de Angola.




Há alguns anos atrás eu verifiquei as opções de voos de todas as companhias aéreas com partida no Galeão. A TAAG tinha voos somente para Luanda, com escala em São Paulo. Nenhum interesse da minha parte: África? Angola? Ditadura, corrupção escabrosa e miséria? No, thanks.

Na hora de adquirir as passagens, em fins de março, não havia a opção pagar com boleto bancário. Paguei com cartão de crédito, que,por motivo de segurança pelo banco, foi bloqueado por duas vezes. Conclui a compra por cerca de 1900 reais cada passagem ida e volta, mas,com a conversão de zar para usd para real foi a vez da instituição financeira e o Estado fazerem a festa. O valor final ultrapassou dois mil e trezentos reais.

Vou descrever em tópicos o que possa ser relevante:

a) havia diversas opções de refeições especiais, três ou quatro de vegetarianas. Na compra das passagens você escolhe genericamente assentos de janela ou "cochia".
b) no Seat Guru não havia como conhecer o voo, mas encontrei em outro site, mais completo, o Seat Plans. Salvo melhor informação, voamos sempre em Boeing 777-300, mas talvez o dos voos Luanda-Cape Town sejam 777-200.
c) o check in se iniciou nas primeiras horas da madrugada do dia anterior ao voo. Não se consegue efetuá-lo via código ou referência, clique na segunda opção, preenchendo o seu nome completo e clique em "aguardar" o check in.
d) Recomenda-se levar tudo impresso, o despacho de bagagens começou quatro horas antes do voo, chegamos três horas antes, não havia filas e houve perguntas de segurança tis como: "foi o senhor mesmo que fez a sua mala", etc., Os adesivos constam o nome do titular da mala (ótimo!) e há uma tarja bem visível escrita "conexão" (aprendam, demais companhias). Atendimento muito simpático e organizado.
e) Organizado, mas nem tanto. Nossos lugares determinados eram 16D e 16E conforme o check in online, mas a funcionária nos colocou em 15B e 31E, fui verificar isto uma hora antes do embarque, nunca houve este engano por parte de companhia alguma nos voos anteriores (e nós não fomos os únicos a passar por isto). Reclamei com a mesma funcionária, ela veio com um papo de overbooking, mas nos transferiu para 31E e 31F, pelo menos ficamos juntos. Ou houve erro humano, ou houve preferência e favoritismo para outros clientes, pois do que pude observar no voo de volta, Luanda-São Paulo, a área entre as filas 12-30, aproximadamente, oferece melhor espaço do que as das filas 31 em diante.
f) A postura dos comissários de bordo da TAAG é seria, altiva, educada, respeitosa e firme com os passageiros que insistem em desrespeitar as normas. Gostei, não vi sorrisos forçados tipo Alitalia depois que passou a ser controlada pela Etihad, e nem rispidez e fastio demonstrado por algumas comissários e comissárias da Air France em época de negociação salarial e greve.
g) As opções de lazer não foram tão ruins como li em alguns blogs, não é como a British (para música) ou Air France (para filmes), mas está no nível de uma Iberia. Para mais detalhes, veja os meus vídeos no meu canal do YouTube: "enaldops", todos as centenas de vídeos que fiz nas sete viagens estão lá.
h) Refeições vegetarianas partindo do Brasil costumam ser um problema, o catering que fornece para todas as companhias aéreas, imagino, acha que vegetariano somente come folhas, não tem paladar, não sabe desfrutar comida.
i) O voo partiu do Rio com uns vinte passageiros somente. A escala em Guarulhos foi tranquila, com exceção de um ou outro passageiro que desrespeita todas as normas de voo e de bom senso.
j) Sete e horas e quinze depois chegamos na África, o segundo continente que visitei, mas começando pela "rodoviária" de Angola. É tão folclórico quanto se diz. Não há que procurar informações, não há erro: ou você segue reto na Imigração após descer do ônibus que o o levou do avião ao aeroporto propriamente dito, ou vira à esquerda para a área de "Transferência" e já entre logo na fila do detector de metais. Não há que resgatar bagagens, isto somente ocorre em Joanesburgo, sabe-se lá o motivo.
k) Muito importante: pegue umas duas garrafinhas de água no voo São Paulo-Luanda, você não vai querer pagar cinco dólares por uma aguinha (USD3,40 e sem troco). Dificilmente você terá seiscentos kwanzas (eu tinha, veja abaixo).





Há tomadas padrão europeu para recarregar celular, coffee shop, lanchonete e free shop, mas tudo com preços horripilantes. Vi algumas pessoas dormindo esparramadas pelo bancos e alguns tipos bem mal-encarados nos olhando. Depois de algum tempo começa o embarque, mas há apenas um "terminal" para todos os voos. Os passageiros foram se apinhando pelos corredores e assentos, e quase houve confusão na descida da escada rolante rumo à pista.
l) O voo Luanda-Cape Town (três horas e meia) é de melhor qualidade no quesito alimentação, aqui já tivemos ideia de que iríamos comer bem por lá.
m) Foi-nos exigido o Certificado Internacional de Vacinação duas vezes no Rio, quatro em Luanda e nenhuma em Cape Town.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Com que, então, fomos parar na África?




Desde que voltamos de Berlim eu comecei a acompanhar os preços dos voos para o ano seguinte. Antes de janeiro é mera curiosidade, não há perspectiva de promoções. Janeiro veio e passou, no entanto, e os voos mais em conta estavam nas faixa dos três mil. Veio fevereiro e nós ficamos de guarda, acreditando que desde o início de fevereiro pelo menos uma companhia aérea iria fazer ofertas tentadoras. E eis que fevereiro se concluiu e não apenas as companhias áreas não ofereceram preços tentadores como começaram a se aproximar dos quatro mil reais por voo para a Europa em julho, com exceção da Swiss Air. Março seria decisivo e cada dia que passava os preços iam subindo, agora já se aproximando da casa dos cinco mil.

No final de março a ficha caiu e constatamos que nada de Europa para julho deste ano.

E aí nos resignamos ao fato de que teríamos que procurar outro destino.

Mas qual?

a)Buenos Aires? Não rende mais de duas semanas e é muito frio.
b) Santiago? Idem.
c) Bogotá? Idem e péssimo horário de voo pela Avianca, por volta das oito horas da manhã , teríamos que viajar de madrugada a partir de Juiz de Fora.
d) Montevidéu? Também não imagino dezessete dias por lá.
e) Panamá? Passagens caras e muita chuva.
f) Cidade do México? Muito perigosa e com muitas atrações distantes.

Comecei a passear pelas companhias aéreas com voos a partir do Galeão, e lá estava a angolana TAAG com opções para Joanesburgo e Cidade do Cabo. Mas, pera aí, passagens a 1800 reais? Ô, louco.

Resolvi pesquisar sobre as duas cidades, meio sem levar a sério, e eis que vi todo mundo, todo mundo falando: Cidade do Cabo é linda, é barata, a natureza é maravilhosa, gastronomia farta, vinhos, povo simpático, inglês amplamente falado, "eu a deveria ter conhecido há mais tempo"

Depois pesquisei sobre como é voar com a TAAG, e não vi muitos comentários negativos, eram até mais elogiosos do que o esperado.

Marcamos a data limite para tomarmos uma decisão definitiva para o início de abril, e aí as passagens para a Europa em julho já chegavam a sete mil.

Pronto, estava decidido, iríamos pela primeira vez para a África, um continente que nunca esteve seriamente nos meus planos.

Convido-os aqui a conhecer detalhadamente a nossa viagem de dezoito dias (6 a 24 de julho) para a capital parlamentar da África do Sul.