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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ônibus



Andar de ônibus é bem prazeiroso: não os tomei em momento algum lotados, há três portas que são utilizadas indiferentemente como entrada e saída, os pontos são informativos, cobertos e bem localizados.Você é informado quanto tempo falta para que o ônibus chegue ao ponto de ônibus e a cada novo ponto. A pontualidade é britânica. O trajeto é especificado fora e dentro dos veículos. Há câmeras de segurança.

A primeira vez que andei cumprimentei o motorista em francês - há aviso na entrada orientando os passageiros a sempre cumprimentar os motoristas -, ele não respondeu e nem me olhou. Perguntei como se utiliza o bilhete e ele me apontou a máquina rispidamente. Agradeci mesmo assim e fui me sentar. Os locais para pessoas preferenciais são chamados de "places prioritaires" e os franceses não se acomodam neles, os bancos ficam vazios, aguardando as pessoas com deficiências e outras necessidades especiais. Achei muito civilizado, mas um tanto excessivo, basta se levantar e ceder o lugar. Assim como no metrô os bancos próximos às portas são retráteis e há aviso de que em caso de lotação você deve deixá-los e continuar o trajeto em pé. Os passageiros cumprem esta regra com naturalidade.

Na segunda vez que entrei em um ônibus novamente cumprimentei o motorista e verifiquei que o grosseirão da primeira viagem era uma exceção. Daí em diante todos os motoristas eram educados. Um motorista africano me explicou com a maior paciência e lentamente em francês como eu faria para chegar na Torre Eiffel (7ème) a partir da Ópera Garnier (9ème). Um passageiro francês puxou conversa na linha 29, em direção à Rambuteau e quis saber a minha nacionalidade. Quando eu perguntei onde poderíamos descer do ônibus (On descend?) ele não entendeu, pois o verbo é arrêter (On s'arrête?). Você "desce" do metrô e "para" do ônibus. Estas nuances dificultam a compreensão do francês.

Achei um tanto feio, e que não se culpem aos brasileiros, a malandragem dos parisienses de não pagarem pelo trajeto de ônibus. Alguns motoristas esperneiam e fiscalizam a cobrança (validação). Outros fazem vista grossa. Não vi em momento algum os famosos fiscais que pedem o ticket validado de cada um e multam em 25 euros os espertinhos ou os turistas que desconhecem a regra de utilizar o mesmo ticket pelo período máximo de hora e meia. A coisa fica mesmo na questão de consciência de cada um. Uma passagem de 1,25e para um povo que ganha um mínimo em torno de 1500 euros é bem barata, na minha opinião, levando-se em conta que você utiliza apenas um ticket por viagem, passando por quantos veículos precisar.

Andar de ônibus é uma ótima maneira de flanar por Paris poupando os seus pés.

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