Metro perto de casa.
Aqui eu tenho uma historinha: eu passava diante desta creperie todos os dias, e o seu proprietário cumprimentava a todos indistintamente, mas eu não via ninguém comer lá. Certa vez entramos em acordo de que queríamos comer pizza, ele ouviu e disse que as fornecia. Pedimos três minipizzas (3,50e=R$8,50 reais) e na hora agá ele trouxe duas pizzas grandes com oito fatias. Falei-lhe que ele havia enganado quanto ao pedido: cancelei uma e mantive as duas que já estavam prontas. Reparava que todos passavam olhando para nós enquanto comíamos e às vezes riam: pensei: este estabelecimento é conhecido dos parisienses e entramos em uma roubada, se uma fatia custava 3,50 quanto seriam oito? Vou pagar uns cento e cinquenta reais pelo almoço. Para descontrair perguntei pela nacionalidade do dono, que falava um francês muito bom e também inglês. Ele disse: sou do sul do Egito, e me recordo de ter lido que os egípcios daquela região têm diferenças para com os nortistas.
Falei-lhe que ensinava história do Egito antigo para os meus alunos e ele ficou espantado, e me perguntou: então, por que os brasileiros vão pouco ao Egito? Expliquei-lhe que era devido à língua e à escrita. Ele me perguntou: para onde os brasileiros gostam de viajar? Eu lhe disse: Miami, Orlando, Nova York, Buenos Aires, Santiago, Barcelona, Paris, Lisboa, Londres e Roma são as cidades mais visitadas (sei lá se são nesta ordem, rs...). Ele, entristecido, disse: mas os brasileiros quase não vão ao Egito.
A conta ficou em apenas 18e=R$45. A pizza era boa, mas nada de muito especial. A nossa Marguerita é mais gostosa. Mas a Quatro Queijos deles é imbatível, por razões óbvias. No sábado seguinte com a cidade entupida, sem ter onde almoçar no Forum Les Halles, fomos todos comer pizza aí, novamente, como uma solução de emergência. Infelizmente não foi do agrado de nossos amigos, e eu me senti um pouco envergonhado por não lhes propiciar um almoço saboroso, rs...
Nos dias seguintes todas as vezes que o proprietário me via passando na Rambuteau ele me cumprimentava com um sorriso autêntico. É claro que podemos pensar que é apenas interesse para com o cliente. Independentemente disto, e tendo experimentado a breve sensação de estar no estrangeiro, eu fico pensando na trajetória de alguém que sai de seu país, pobre, muçulmano e sob uma ditadura de quase trinta anos e vem tentar a sorte em uma cidade européia, branca e cristã, enfrentando as adversidades da crescente hostilidade aos emigrantes.
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Boa sorte, amigo egípcio, ano que vem eu quero mais da sua pizza.
A rua Saint Martin nós adoramos, e eu fiquei triste porque as cargas das pilhas da máquina fotográfica se esgotaram e eu não tinha lembrado de levar substitutas. É uma rua interessante, com o Museu des Arts e Métiers, a Maison Gaultier (11ème), uma ópera, um parque, um arco romano e a gigantesca e maravilhosa Gare de L'Est. Prometi a mim mesmo que voltaria nela no dia seguinte, mas viajando a três nós raramente somos senhores do nosso tempo.
O sol aparecia somente para nos fazer de bobos. Era o "sol enganador".
Este é o Centro Cultural Georges Pompidou (Beaubourg), do qual falaremos mais tarde. Eu o conhecia de nome desde 1979, quando ouvi o álbum I Robot, de Alan Parsons.
No Forum Les Halles havia este stand que ajudava a localizar a sua loja ou o que quer quer fosse. Em francês e inglês, muito fácil de utilizar.
Durante os quase quarenta dias de liquidação há três ou quatro démarques. Ás vezes compensa esperar para comprar com os descontos sucessivos.
Eu adorei ter me hospedado no Marais.
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